quinta-feira, 23 de junho de 2011

Em dia histórico, Mariana diz não à reativação da Mina del Rey



A histórica audiência pública realizada em Mariana nesta última quarta-feira, dia 22/06/2011, pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, contou com a presença de mais de quinhentas pessoas.

Na ocasião estavam presentes os deputados estaduais Sávio Souza Cruz (PMDB), Rogério Correia (PT) e o deputado federal Padre João (PT), além do prefeito de Mariana, Geraldo Sales (Bambu), do promotor do Meio Ambiente Antônio Carlos de Oliveira, de vereadores, lideranças comunitárias e religiosas da cidade.

Mariana se posicionou de forma inequívoca contra a reativação da Mina Del Rey, contra a terceirização de responsabilidades por parte da Vale, contra a acintosa proposta de substituição de quatro nascentes de água (responsáveis pelo abastecimento de 40% da água de nossa cidade) por postos artesianos. Manifestou-se contra poluição do ar, sonora, ambiental, contra o ataque ao cinturão verde que circunda, emoldura e protege a cidade, contra o desrespeito pelo complexo arqueológico do Gogô e por nosso patrimônio histórico.

Na data de hoje todo o Estado de Minas Gerais conheceu, pelo telejornal MG TV 2a. edição (TV Globo), o sentimento que está movendo e unindo a população em nome de uma Mariana Viva.

A Vale se escondeu. A empresa declarou à Rede Globo, por meio de nota, que já arrendou a mina e que cabe à arrendatária providenciar todas as licenças, ou seja... desrespeita nossa cidade mais uma vez. Nem uma palavra foi dada à população (e sequer ao Ministério Público), mas à Globo, é claro, a empresa atende de boa vontade. Aos quinhentos cidadãos, donas de casa, padres, pastores, líderes comunitários, professores, estudantes, funcionários públicos, feirantes, engenheiros, profissionais liberais e de imprensa, à classe política, aos guias turísticos, operários, ambientalistas, policiais, aposentados, pequenos empresários, agricultores, artesãos, que palavra de esclarecimento emitiu a Vale na memorável manhã desta quarta-feira? Nenhuma. Nenhuma sequer.

Já arrendou? Como assim? Arrendou para quem? É só isso?

A Vale se esconde por detrás da névoa da semi-informação, uma névoa que, mais que minério, ela tem se especializado em produzir. A mesma tática dos regimes autoritários, das ditaduras de ontem e de hoje: a semi-informação.

Certo é que as mineradoras, arrendatárias ou não, a esta altura já sabem que o povo se organiza para defender sua cidade, sua história, seus mananciais de água, seu patrimônio histórico, paisagístico e ambiental. Se a reação ao que a Vale classificou como "apenas uma intenção" foi a que vimos nos últimos dias, a presença ativa de tantas pessoas em uma audiência pública (na véspera de um feriado!) é um recado claro. Claríssimo.

Não concedemos à mineração predatória o direito de intervir em nosso destino dessa maneira. Nós fazemos a cidade em que vivemos. E o marianense, seja o nativo, seja o de coração, é patriota e defende o seu chão. Minas Gerais nasceu aqui. Deste chão poderá também brotar uma nova forma de relação de Minas com a mineração.

Na audiência desta quarta, a população se informou, e por isso se fortaleceu e se uniu. Coube a Geraldo Bambu a dignidade e a coragem de tornar público o pensamento que toma conta de nossa cidade: temos o direito e o dever de resistir.

Mineradora alguma opera dentro de uma cidade sem a permissão do município, na pessoa do prefeito e dos seus representantes eleitos. Sem a licença do município não há reativação de Mina del Rey.

Nós, cidadãos e eleitores, dissemos um "não" rotundo à mineração na área urbana. A cidade de Mariana se posicionou contra esta insensatez, este desrespeito, este atentado. Todas as Minas Gerais estão nos ouvindo agora.


Confira a matéria do MG TV desta quinta-feira, dia 23 de junho. Informe-se! Comprometa-se!